Ainda falando um pouco do trabalho de pessoas ligadas ao League of Legends, essa semana contei com a participação de Diniz “Gruntar”
Albieri falando sobre sua experiência com jogos (focando o LoL, obviamente) e
como é conciliar a família com sua vida profissional.
Diniz "Gruntar" Albieri
Gruntar é pai de família, caster, streamer, mestre de mesa
de RPG, fã de Starcraft. E foi no Starcraft 2 que sua vida profissional
começou a deslanchar. Gruntar teve a ideia de fazer vídeos com tutoriais em
português visando ajudar a comunidade do game. Porem sua vida de caster
começou, efetivamente, quando o mesmo participou de um concurso de narradores
da Blizzard (empresa que produziu Starcraft, World of Warcrfat, Lost Vikings,
etc). Desde então, Gruntar narrou diversos jogos para a comunidade da Blizzard,
até que foi galgando seu nome nesse meio.
Como entrou para a história do League of Legends
Gruntar surgiu no LoL meio que de surpresa e no susto, pois
teve um mês para aprender sobre o game e narrar a Brazil Game Show de 2012,
convidado pela equipe da Electronic Sports League Brasil (ESL). Uma vez que
Gruntar já havia trabalhado com a equipe, eles já estavam cientes de
como era a narração, comprometimento e profissionalismo do mesmo. Sem contar que acreditavam no trabalho dele.
Vale ressaltar que, Gruntar narrou também o CBLoL de 2013 ao
lado de Gustavo “LoLDuBr” Docil e Bruno Luis “LeonButcher” Pereira, como dito
na coluna da semana passada. O mesmo foi convidado a narrar o evento uma vez que, as opções de narrações estavam na época, muito limitadas, já
que a Agência X5 havia fechado com outro evento.
É inegável que para a carreira de Gruntar, a narração do
CBLoL de 2013 foi um marco. Mas também foi um marco para a história do
competitivo de LoL. Foi neste evento que Gruntar ganhou a maioria de seus fãs, pois
foi um evento com um publico grande, onde ele pôde mostrar todo o seu
profissionalismo. Sem contar que para ele, narrar torneio ao vivo é sempre
muito emocionante. Sentir a paixão do publico a cada grito é simplesmente inexplicável, diz. Gruntar comenta ainda, que lidar com o publico é algo bem bacana. Disse que fotos e autógrafos são uma parte bem legal de sua profissão.
Além do mesmo ter
feito uma de suas melhores narrações, Gruntar
acredita que aquele CBLoL foi o berço para o que aconteceu esse ano no
Maracanãzinho esse ano.
Gruntar sempre gostou de jogos, desde a geração Atari, sendo
mais exata. E com isso, o trabalho com jogos é um sonho. Mas no caso dele, uma
realidade. Gruntar diz que trabalhar com games é algo sensacional e que foge
muito do padrão em que vamos da faculdade, a um emprego em algum escritório e
depois temos a aposentadoria.
As dificuldades de ser um freelancer
Por outro lado, Gruntar diz que as dificuldades são enormes.
Principalmente se tratando do lado financeiro. Gruntar atualmente é um caster
freelancer, assim como LoLDuBr. O mesmo diz que o fato de ser um
freelancer e por atualmente não ter um publico grande na stream, isso o torna refém
dos eventos para conseguir algum ganho significativo. Fora isso,
Gruntar afirma que sua permanência no ramo se dá também Subscribers do Twitch (o
famoso Clan do Machado) e que sem essas pessoas ele teria de voltar a um emprego em
algum escritório.
Focando no fato de seus trabalhos games virarem sua vida profissional, perguntei ao Gruntar quando que ele começou, de fato a trabalhar
com games sendo essa sua única ocupação. Até o final de 2012, Gruntar levou a
parte dos games em paralelo com seu emprego como Analista de Sistemas. Quando seu
filho nasceu, ele e a esposa decidiram voltar ao Rio de Janeiro pra o mesmo
pudesse crescer perto da família. Daí, Gruntar eu pediu demissão e começou a procurar
emprego no início de 2013.
Por outro lado, seria muito complicado procurar um emprego
sendo que ele estava com a IEM fechada
pra narrar. Ele iria começar um emprego e logo depois ficar uma semana por conta do evento, o que passaria uma imagem ruim para a empresa. Sendo assim,
Gruntar resolveu deixar essa questão pra depois do IEM.
Um fato curioso é que
Gruntar tem 10 anos de carreira como Analista de Sistemas e diz não ser “maluco” de
abandonar essa carreira. Por outro lado, ele acredita que o e-Sports esteja
crescendo no Brasil e que a tendência é melhorar cada vez mais. Logo ele vê seu
trabalho atual como um investimento para o futuro.
Como concilia família/trabalho com games
Como bem a maioria sabe, Gruntar tem uma família e isso gera
a curiosidade de como é conciliar família e trabalho com jogos, uma vez que os horários
sejam complicados (como já vimos aqui na coluna, a grande maioria das
pessoas que trabalham no ramo abrem mão de muitas coisas). Mas para Gruntar, tendo dois filhos e esposa, afirma que o mais
complicado é trabalhar em casa. Pois o seu filho mais velho quer brincar o tempo todo. Por outro
lado, ele como pai está tendo o privilegio de acompanhar de perto o crescimento
dos filhos. O mesmo afirma que a esposa o apoia muito, o que é muito importante
para conseguir seguir em frente nessa carreira.
Brinquei, dizendo que os filhos dele crescerão “gamers” por
influencia do pai. Porem Gruntar disse que não sabe se eles vão gostar. Se diz bem
liberal e quer que sejam felizes naquilo que escolherem. Gruntar disse que vai
direcionando e dando boa educação para que eles mesmos possam fazer suas próprias
escolhas no futuro.
E o "segredo" pra sermos profissionais como ele?
E a pergunta que não se cala: como nós podemos trabalhar no ramo
chamando isso de nossa profissão? Gruntar disse que desistir nas primeiras
dificuldades fará com que nunca cheguemos ao sucesso. Focando na pratica, o
mesmo diz ser importante se dedicar, realmente colocar a mão na massa independente do que deseja. Se quer ser um caster, o mesmo indica a fazer um
canal no youtube, colocando conteúdo bacana.
Pra quem quer ser um jornalista, ele indica que façam um blog e comecem a
escrever matérias sobre um determinado assunto de interesse. Ou seja, correr atrás
mesmo que sem ajuda inicial e procurando sempre por oportunidades.
Gruntar diz para sempre focarmos um trabalho de qualidade sempre. Depois
que estiver pronto, seja lá o que tenhamos produzido, temos que ler ou assistir
e sermos críticos e sempre pedir para que as pessoas sejam conosco. O mesmo recomenda
que não devemos ter medo de errar, nem medo de comentário negativos, e não
devemos dar ouvido a preguiça. Mas devemos, também sermos humildes.
Uma conversa de um mestre com uma fã
Bom, essa semana eu tive esse bate-papo super proveitoso com o Gruntar, que é uma pessoa que admiro muito, em especial por este lado de ele ter uma família e ainda assim trabalhar com algo que amo. Sempre tive muita curiosidade pra saber como ele lidava com isso tudo. E essa curiosidade se deu exatamente pela minha tamanha admiração.
Eu aprendi demais e com certeza irei agregar muito do
conhecimento dele para o meu futuro. Eu atesto tudo o que ele diz com respeito
ao trabalho com games. Devemos ignorar o chamado da preguiça, ser humildes e críticos
acima de tudo.
Por fim, eu gostaria de agradecer por esse momento que pra
mim tanto como fã, como redatora do Demacia, foi especial e importante. É sempre bom ouvir o que pessoas com experiência têm
para dizer, ainda mais de quem é tão comprometido com qualidade do que faz.
Muito obrigada, em meu nome e no do Demacia!