Um campeonato de League of Legends não é espetáculo feito
apenas por cyber-atletas. Todos nós sabemos que se jogo fossem apenas os times
batalhando entre si, não seria nenhum pouco legal de se ver, certo? Um jogo sem
narração não teria mesma emoção quando um time roubasse um Barão do outro ou
quando um time conseguisse fazer uma luta que levasse a vitória. Às vezes nem notaríamos
que tal item ajudou tal campeão usado por tal cyber-atleta se um comentarista/analista
não tivesse dito, ou nem começaríamos debates legais em cima de tal afirmação.
Sim, estou comentando do trabalho dos casters e
comentaristas! Trabalho esse que deixa nossas partidas cada vez mais
emocionantes e que também tem um cunho analítico enorme no entendimento do
sucesso ou derrota de determinada partida.
Na matéria de hoje, eu contei com a participação de Gustavo “gstv1”
Cima, comentarista e analista de e-sports, ex-membro da Agência X5 e, também,
Gustavo “Melão13” Ruzza, narrador (caster) atual membro da Agência X5.
Como tudo começou...
Assim como fora do país, aqui nós podemos contar com um time
de casters e comentaristas de e-sports qualificados. Mas como no Brasil os e-sports começaram a engrenar agora, vale contar um pouco de como começou
essa história de narrações por aqui.
Melão13 conta que em 2012, exatamente a dois anos do dia 25
de agosto (ou seja, fazendo aniversário de dois anos anteontem), pediu ao Diego
“Toboco” Pereira, (o mesmo já
narrava campeonatos naquela época), que o mostrasse como era isso feito de perto. Nesse mesmo
dia, uma pessoa estava cotada para fazer a transmissão com ele, mas ela não
compareceu. Daí Toboco teve a ideia de convidar o Melão13 para comentar. A
partir de então, ele não mais parou.
Um tempo depois, Melão13 foi convidado pela Nex Impetus para
fazer algumas transmissões para eles. E foi através da Nex que o Melão13 conheceu
boa parte do pessoal da Agência X5.
Já gstv1, conta que no início de toda essa história
de e-sports nacional não existiam muitos comentaristas e
casters. Era basicamente o Toboco quem fazia o trabalho e chamava jogadores que
não estavam participando de campeonatos para ajuda-lo como comentaristas.
O contato real do gstv1 com as transmissões, foi em um
campeonato da LegendsUnion, uma organização que teve papel importante no
desenrolar da historia do LoL como e-sport aqui, onde ele comentou junto com P3po. Daí, ele gostou muito da ideia e em meados de 2013, ele tentou entrar para
esse meio. O mesmo tentou voltar como cyber-atleta, mas o Melão13 o convidou para
comentar e analisar o LCS, pela Agencia X5, onde o mesmo foi freelancer até o mês
de Julho deste ano.
Nasce, assim, a Agência X5
Deu pra perceber que a Agencia X5 teve e ainda tem certa importância no que diz respeito ao trabalho de casters do cenário, né? É hoje uma das responsáveis por várias transmissões de
campeonatos e narrações na atualidade. No seu time de casters, conta com Toboco e Guilherme “Tixinha”
Cheida.
Segundo Melão13, a Agencia X5 nasceu, basicamente, da junção de projetos ligados à: Brasil Gaming League (BGL), Seleção Brasileira de Games, LegendsUnion (que como já vimos, foi pioneira nas transmissões de campeonatos) e a Arena X5, que já existia antes da Agência.
Segundo Melão13, a Agencia X5 nasceu, basicamente, da junção de projetos ligados à: Brasil Gaming League (BGL), Seleção Brasileira de Games, LegendsUnion (que como já vimos, foi pioneira nas transmissões de campeonatos) e a Arena X5, que já existia antes da Agência.
A rotina de um caster...
Algo que sempre gera certa curiosidade quando o assunto é
trabalho + games, é em relação a rotina dos envolvidos, não é verdade? Diante
disso, eu perguntei aos dois convidados sobre como funciona a rotina deles.
Segundo gstv1, sempre rolava uma conversa entre os casters
onde, de um aspecto geral, discorriam muito sobre atualizações e o que mudaria,
num todo, com a chegada delas. E ainda comenta que como analista, ele ainda
tinha que compartilhar pensamentos sobre coisas que poderiam acontecer/aparecer
e os motivos por trás disso. Gstv1 ainda comenta que, sempre uma vez por semana,
dedicava um tempo para ouvir sua transmissão pra ver o que estava bom e o que
merecia melhorar.
Tanto na época em que estava na X5, quanto agora, gstv1
acompanha bastante os campeonatos, o que estão falando no reddit, atrás de
informações legais.
Sobre sua rotina, Melão13 foi bem especifico dizendo que nos
dias em que tem partidas pela BGL, ele acorda por volta das 9hs e faz stream
até no seu almoço. Tira um tempo para resolver coisas pessoais e sai de casa,
chegando ao estúdio sempre com uma hora de antecedência das transmissões para
ir se preparando. Esse preparo consiste em basicamente testes para a
transmissão, levantamento de informações sobre jogos, etc.
Sobre a questão de adquirir conhecimento sobre o jogo,
Melão13 disse que por jogar LoL a muito tempo, o mesmo se sente tranquilo em
relação a nomes de itens, campeões e os valores dos mesmos, mas quando percebe
que não sabe de algo ou sente dificuldade, ele faz uma pesquisa e estuda sobre tendências,
metagame, etc. E ainda sempre conversa bastante com os colegas.
Os projetos pessoais de cada um
Como nós bem sabemos, Melão13 tem um projeto chamado “Sem
Dodge”, onde ele entrevista pessoas ligadas ao competitivo do LoL. O mesmo
disse gostar muito do projeto, principalmente por ser algo ligado à carreira
dele como psicólogo. Pois ele tem que
sentar, ouvir o que o outro tem a dizer e “escavar” (nas palavras dele)
o que o convidado não gostaria tanto assim de dizer.
Já gstv1, depois de desligar-se da X5 tem investido muito na
sua stream e vem procurando por patrocinadores. Vale ressaltar que ele ainda
conta com um canal no YouTube onde posta vídeos falando sobre várias coisas
legais ligadas ao jogo e ao seu trabalho como analista/comentarista.
Gstv1 disse, também, que vem recebendo propostas legais para
campeonatos e eventos que ocorrerão mais para o fim do ano, mas que nenhuma dessas propostas, ainda, está fechada. O
mesmo diz se sentir feliz, pois está crescendo mesmo fora da Agencia X5.
Perguntei se teremos surpresas, e ele comentou que não diria
serem surpresas, mas salientou sobre as propostas e que quer continuar a narrar e está
torcendo para que isso aconteça novamente.
O trabalho com games: um sonho ou pesadelo?
Muitos de nós que gostamos de games, sentimos uma pontinha
de inveja quando vemos um trabalho bacana e bem desenvolvido por profissionais
desse meio e acredito que a grande maioria gostaria de estar no lugar destes
profissionais.
Visando essa questão do sonho de trabalhar com games, perguntei
a gstv1 como é, e ele disse que é ótimo, mas tem seu lado ruim também. Diz que
por mais que o trabalho tenha a ver com algo que gostamos muito, ele deverá ser
tratado como tal.
Porem, gstv1 ainda salienta que quando gostamos muito de
algo, é difícil fazer a separação do gostar com o trabalho. E foi por isso que demorou tanto a dar o
passo para sair da X5. Disse que supervalorizava seu trabalho por ser algo que
gosta muito de fazer. Ele comenta, ainda, que se fosse um outro emprego qualquer, nas condições
em que ele trabalhava, com certeza teria saído muito antes. Ele afirma que, acabou aceitando muitas coisas que não deveriam ser aceitas, só por estar
fazendo algo ligado ao que gosta. E finaliza sua fala dizendo que espera que o
e-sport cresça para que muitos não tenham que aceitar certas coisas em nome do
que ama.
Já para Melão13, trabalho sempre é trabalho e não é
prazeroso o tempo todo. Para ele, trabalhar com jogos eletrônicos é fazer o que
ama e que esse fato, torna boa parte do seu trabalho prazeroso.
Mas por outro lado, Melão13 diz que narrar é algo muito mais
cansativo do que parece. E que a pior parte, para ele são os horários. Ele salienta que não tem uma
vida “normal” e que abre mão de amigos, família e lazer por conta disso.
Todavia, ele ainda comentou, bem-humorado, que prefere sua rotina “maluca” a um horário comercial em um escritório.
Melão13 conta ainda que, lidar com as críticas foi algo que o fez crescer. Pois ele aprendeu muito com o público. Mas que o “hate”, aquela critica negativa sem sentido, deve ser ignorado, pois quem faz isso, faz por simplesmente fazer e que ligar para isso não acrescentará em nada.
Funfact: coisas que acontecem sem querer durante e por trás das transmissões
Perguntei a eles sobre as coisas engraçadas que já
aconteceram nas transmissões ao vivo e se teve algo por trás que foi engraçado, e Melão13 disse que uma vez falou um palavrão durante a transmissão. E jura que
ninguém ouviu e que nunca iremos descobri-lo (me senti desafiada! E vocês???).
Gstv1 relembrou das várias vezes que pausaram um jogo e que
eles tiveram que embromar até voltarem com o mesmo. Disse que acontecem os clássicos
de piadas ruins, falar besteira por conta do cansaço ou dizer redundâncias como
“matar o morto” e “cometer um erro errado”. E ainda comenta que as melhores
piadas sempre acontecem nos bastidores.
E nós, mortais que queremos nos tornar casters? Qual o caminho que leva ao “pote de ouro”?
Eu, como jogadora fico curiosa em como nós, mortais, podemos
trabalhar com games e chamarmos esse feito de profissão. Tendo em vista isso, pedi
que dessem dicas de como se tornar um caster para os convidados.
Para gstv1, deve-se conhecer muito sobre o jogo, ter sempre
humildade e saber ouvir outros comentaristas do mundo. Pois assim, aprende-se
algo novo tanto no jogo como para a
profissão. E ainda salienta que esse é um trabalho onde nunca deve-se contentar
com o que sabe, pois há sempre o que melhorar.
Para Melão13, no caso dele, ele sempre esteve no lugar certo
e na hora certa. Entretanto, diz que a melhor forma de entrar para esse
meio é mostrando seu trabalho. O mesmo comenta que canais como YouTube e a
Twitch ajudam demais nessa parte de mostrar o potencial que temos. E finaliza dizendo
para agarrarmos as oportunidades que aparecem.
Por fim...
Bom, hoje nós tivemos a oportunidade de ver um pouco mais de
perto como é o trabalho de um caster. Nos foram contadas histórias de como os dois participantes
começaram sua carreira. Atraves das falas, podemos ver, também, o começo da história dos casters em
relação ao e-sports no Brasil. Notamos que não é uma tarefa fácil, que precisa ser
aprimorada constantemente. Vale ressaltar que os casters abrem mão de muitas coisas para proporcionar algo
bacana para nós e que realmente
mereceram estar onde estão hoje.
Cya!~









