
Provavelmente todos já devem ter percebido agora uma tendência que surgiu a algum tempo no exterior: A "importação" de jogadores. Essa tendência atingiu não apenas times desconhecidos como a Keyd Stars, que hoje é o time mais forte do Brasil, mas também times extremamente conhecidos, como a própria Team SoloMid, que trouxe o seu mid laner Søren "Bjergsen" Bjerg da Europa, e a Evil Geniuses, que foi quase inteiramente "importada" de outro continente.
Alguns podem ficar confusos com essa tendência, principalmente quando considera-se que o Brasil tem trazido jogadores de fora para cá. Afinal, nosso cenário não é nem de longe tão forte quanto o dos norte-americanos ou dos europeus, e com certeza é infinitamente inferior ao dos coreanos. Então como a Keyd Stars trouxe dois deles para o seu time, e como a paiN Gaming, segundo boatos recentes, conseguiria trazer um dos melhores junglers da Europa, Alvar "Araneae" Martin, para a sua equipe?
Não há uma única resposta. Para o Araneae, parece que a sua vontade de vir para o Brasil já é um grande motor, enquanto para os coreanos, era a chance de não ficar parado, já que eram reservas de seus times na Coréia. Porém, mais do que isso, o nosso país está expandindo o e-sports, e se tornando cheio de possibilidades: Com a criação de nossa própria liga, o Brasil está cada vez mais profissional, e nossos times, cada vez mais fortes. Com organizações dispostas a investir bastante no League of Legends, um leque de opções se abre para jogadores do exterior.
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Araneae |
O intercâmbio de um jogador quase sempre força mudanças no time em que ele foi alocado, e também gera mudanças no própro cenário brasileiro. Dois casos clássicos foram os cenários norte americano e brasileiro. A Cloud 9 não possuí nenhum membro de outro continente. Porém, o seu estilo de jogo é quase completamente baseado no estilo "explorar as falhas" e "tomar objetivos" dos asiáticos (mais especificamente, dos coreanos). E, até agora, esse estilo se provou tão poderoso que eles foram campeões da LCS duas vezes seguidas, e venceram as playoffs invictos nessas duas vezes.
A Keyd Stars é um exemplo muito mais óbvio, já que convivemos diretamente com eles. É impossível falar de competitivo brasileiro sem citar os coreanos An "SuNo" Sun-Ho e Park "Winged" TaeJin, mid laner e jungler da equipe, respectivamente. Com uma mecânica extremamente acurada, especialmente do jungler, que logo ocupou o posto de melhor jogador do país, e com uma estratégia completamente diferente de jogo que foi incorporada pela equipe, o time só foi derrotado recentemente, após uma invencibilidade que durou 17 jogos.
SuNo e brTT na XMA |
A possível vinda do Araneae para o Brasil também se encaixa nessa mudança de estilo. O jogador, que sempre mostrou ter uma personalidade otimista e animada, mesmo em sua má fase, pode ser a alma que a paiN Gaming, possível time para o qual ele vai jogar, havia perdido com a saída do Felipe "brTT" Gonçalves. Sem falar que o seu estilo agressivo de jogo pode ajudar o time a fazer uma melhor transição para o mid game, sem medo de tomar uma atitude. A equipe só tem a se beneficiar com o possível novo jogador.
Conclui-se que a vinda de jogadores de fora acaba, involuntariamente, forçando os times em que ele joga a mudar o seu estilo de jogo de modo que se adapte ao do novo jogador. Mas não apenas isso. Quando um time sai do padrão, todos os outros precisam se adaptar a ele, transformando o League of Legends em algo extremamente mutável, onde o "adapte-se ou morra" torna-se uma lei. Resta descobrir se, com a vinda de jogadores vindo do exterior para o Brasil, as nossas equipes terão a capacidade de mudar, ou se veremos por mais um tempo os times tendo dificuldades de enfrentar a Keyd Stars e seus coreanos.
[Foto: An "SuNo" na X5 Mega Arena - Crédito: Agência X5]
[Foto: An "SuNo" na X5 Mega Arena - Crédito: Agência X5]