sábado, 29 de março de 2014

Mudança de Role - Necessidade ou Risco?




Nos últimos tempos tem sido comum alguns jogadores "consagrados" em determinada role, decidir por trocar de função. Seja para ajudar o time, ou para abrir mais oportunidades, tal mudança nem sempre dá certo.

Internacional


A nível mundial, temos grandes exemplos que se transformaram em desastre: A XDG (ex-Vulcun), fez uma inversão de roles para o atual split da LCS America do Norte. O time, que no ano passado terminou em 3º lugar na liga, tomou uma atitude de fato arriscada. O jogador Zuna (ex-ADC) passou para a jungle, enquanto que Xmithie (ex-jungler) foi para a posição de carry.

Xmithie e Zuna trocaram de role entre si


O audacioso plano da XDG era surpreender seus adversários com um estilo de jogo diferente, uma vez que a jungle sofreu muitas mudanças na Temporada 2014. Porém, tal fato  foi o mesmo motivo que fez a ideia ir por água a baixo. O time que até então era o terceiro mais forte de sua região, mostrou-se completamente perdido nas rotações, realizando uma campanha pífia na LCS.

Amargando o último lugar por muitas rodadas, a equipe percebeu o erro que haviam cometido e realizaram novamente a inversão de roles, desta vez, voltando à line-up que conseguira o bom desempenho do ano passado. Mesmo assim, o time não parece reagir. Amargando o último lugar da liga, a XDG é um exemplo e tanto para àqueles que ousam realizar tais mudanças de role.

Outro time da América do Norte, a Curse também fez algumas tentativas. A principal ficou pela troca de Voyboy do top para a mid lane. Muitos dizem ter sido uma ótima mudança, outros consideram até uma verdadeira "burrada". Mas o erro mesmo, foi quando este mesmo time da Curse resolveu colocar seu ex-jungler e atual treinador Saintvicious na posição de suporte.

Saintvicious e Voyboy passaram a atuar em funções diferentes das que eram acostumados

Não demorou muito para que os péssimos resultados viessem, e fossem atribuídos à sua bot lane. Com ultimates grotescas e jogos horríveis, Saint deixou a line-up e se dedicou a parte de coaching da equipe. Já Voyboy segue com uma incógnita para muitos. Alternando entre bons e maus jogos, o ex-top laner não parece estar tão acostumado à sua nova função.

Já no cenário asiático, pudemos ver a tentativa frustrada de inSec sair da jungle para jogar na top lane. A tentativa pareceu tão desesperada que o próprio jogador passou a usar campeões junglers na função de top lane. É claro que a tentativa foi por água a baixo, e inSec agora, voltou à posição de origem.

Nacional


No Brasil também tivemos casos conhecidos de troca de papel. A equipe da Keyd Team foi uma das equipes brasileiras com maiores mudanças em sua line-up, o jogador Caio "Loop" Almeida já havia atuado como ad carry na equipe vTi Nox (onde foi vice-campeão brasileiro), no entanto passou a atuar como support da Keyd Team ao entrar na equipe - que na época era Me Salva Batima -, ao lado de seus companheiros Loop passou a ser ainda mais conhecido devido a expansão que o League of Legends teve no Brasil (o que fez com que muitos jogadores novatos pensassem que Loop atuasse apenas como support desde o início de sua carreira), a equipe estava dominando as qualificatórias para o Campeonato Brasileiro no entanto após a atuação na etapa presencial o - até então - ad carry Rafes foi tirado da equipe e assim Loop passou a atuar de ad carry, posição onde não teve nenhuma conquista.

Outra grande mudança de papeis na Keyd foi a do top lane Matheus "Mylon" Borges (confira o raio-x dele aqui!), o jogador era um dos top lanes mais consagrados do Brasil, surpreendeu a todos com a sua mudança para a bot lane, deixando a dúvida entre os seus fãs se conseguiria atuar tão bem como AD Carry quanto na posição em que foi consagrado. No entanto Mylon surpreendeu a todos e conseguiu recuperar a imagem da Keyd Team (que estava desgastada após a desastrosa atuação no CBLoL) carregando a equipe à vitória ao lado de seu companheiro da bot lane Loop (que mudou novamente de line-up), conquistando a última BGL Arena de 2013.
kStars Mylon e Loop já mudaram de role
Já na Kabum e-Sports, vimos uma mudança contrária à de Loop. Daniel "Dans" Dias, antigo suporte do time, após deixar à equipe devido desavenças com - o então ad carry da equipe - Digoleira, retornou ao seus companheiros atuando desta vez na função de AD Carry, sua equipe era considerada por muitos a mais fraca entre o top 4 brasileiro, mas após as mudanças vimos uma bot lane em chamas com a entrada do support Pedro "Ziriguidun" Vilarinho, atuando ao lado de Dans, onde a equipe passou por cima de CNB e-Sports e Pain Gaming e ficou em segundo lugar na BGL Arena #3.

Mateus "yeTz" Vieira, conhecido streamer brasileiro, também passou por mudança de papel. O jogador alavancou a sua carreira e criou seu nome atuando como mid laner na equipe vTi Nox, no entanto tempo depois começou a atuar como jungler onde se tornou ainda mais conhecido com a expansão que o League of Legends teve no Brasil, mas não chegou a conquistar algum torneio importante nessa posição.

Talvez, a mais nítida e questionável troca de role do cenário brasileiro, seja a do atual suporte da paiN Gaming, Gustavo "Minerva" Alves. O jogador ganhou destaque nacional ao disputar o Campeonato Brasileiro de 2013 na função de mid laner pela equipe da PlayArt. Com ótimos jogos, e uma mecânica invejável, não demorou para que o jogador chamasse a atenção dos grandes times. Com a insatisfação da paiN com seu suporte Martin "Espeon" Gonçalves, devido a problemas internos, a organização campeã brasileira decidiu apostar todas suas fichas em uma proposta de mudança de role para Minerva.

Com a chance de atuar em umas das maiores equipes do país, com estrutura de Gaming House, e diversos patrocínios, Miverva teve que se adaptar. Ainda ano passado, em seu primeiro presencial, o jogador realizou ótimas partidas na BGS, porém, não o suficiente para que a Pain se sagrasse campeã. O vice-campeonato caiu nas costas do suporte, e várias fãs clamavam por "Saudades Espeon".

O fato de a mudança ainda ter sido recente, Minerva acabou sendo "perdoado" e compreendido pela maioria das pessoas. A falta de experiência na função bem como a ausência do "caguete de suporte", pesaram no desempenho não ruim, mas também não bom. No entanto, com a Temporada 2014, e a mudança nos suportes, muito se acreditou que enfim a mecânica apurada do jogador da paiN fosse de fato, ser mais significante para a equipe.


Na BGL Arena #3, porém, Minerva decepcionou os fãs. Com o pior KDA Ratio da competição (1,76), muitas dúvidas foram levantadas sobre a bot lane da paiN Gamig, outro fato que pesa para o jogador é o fato da equipe não ter conquistado nenhum campeonato de renome desde a entrada do support. Não que seja culpa de fulano ou ciclano o péssimo desempenho da paiN, pelo contrário, o time foi mal como um todo. Mas de fato, a troca de posição de Minerva ainda ano passado, foi bom para ele e a paiN Gaming? O jogador continua jogando como mid laner nas filas ranqueadas, e com certeza, prefere a antiga role à atual, pelo menos em soloQ.

Tais desempenhos de jogadores nos fazem levantar a dúvida sobre a mudança de roles. Até quando se torna interessante esta mudança? Será que é realmente uma necessidade? Vale a pena correr o risco? Se der errado, pode ser tarde demais? Comentem e deixem suas opiniões.

[Fotos de Agência X5]


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